Emblema do Partido Liberal, fundado em 28-5-1974 e proibido a seguir ao 28-9-1974 (ver aqui). |
A Iniciativa Liberal teve, nas eleições de 10
de março último para a AR, 312,064 votos a nível nacional (5,08%), elegendo 8
deputados: Lisboa [distrito] 86,847 votos (6,58%, 3 deputados); Porto 5,75%, 2
dep.; Braga 6,10%, 1 dep.; Aveiro 5,11%, 1 dep.; Setúbal 5,36%, 1 dep. – em
Lisboa concelho, 24,387 votos (7,45%) [Fonte: MAI]. O partido perdeu 1 deputado
em Lisboa e ganhou outro em Aveiro, ficando a representação mais equilibrada e
bem distribuída; aguentou a pressão do voto útil (AD) e a subida do Chega (que
o afeta menos); nos restantes distritos do litoral e Madeira ficou acima dos
3%. É importante que se mantenha a estratégia de prudência perante a lógica
da "política de blocos".
O Chega elegeu
50 deputados, com mais de 1,1 milhão de votos e, se este resultado se mantiver
em próximas eleições (depois de eventual aproximação desse partido até
agora protestatário à área do poder e que tem em Diogo
Pacheco de Amorim uma ligação simbólica ao efémero Partido do Progresso de
1974), acabou a famosa “maioria sociológica de esquerda” e, já agora, o sistema
partidário moldado pelo diktat da Coordenadora do MFA no
processo de transição em 1974-76; estas eleições podem, aliás, ter produzido
uma AR muito próxima daquela que poderia ter existido logo nas primeiras
eleições após o 25 de Abril sem a proibição dos partidos organizadores da célebre
manifestação da “maioria silenciosa” a 28-9-1974 e sem o rolo compressor dos
chamados pactos MFA/Partidos.
Até muito
recentemente, os liberais e a direita nacional-conservadora estiveram quase
clandestinos no eleitorado do PSD e do CDS – depois de impedidos de ter os seus
partidos “naturais” após o 28 de Setembro, nunca sendo nomeados pelas
lideranças pragmáticas daqueles partidos que, na verdade, foram criações do MFA
em 1974, tendo ficado amansados ideologicamente desde então; a criação do Chega
e da IL, e o happening eleitoral de ambos, foi uma súbita
emancipação daquele eleitorado não nomeado e, na verdade, uma rebelião tardia
contra os pactos referidos e a cooptação de 74.
E é evidente outra coisa: que temos, agora, a AR mais plural dos últimos 50
anos e aquela que, nesse período, exprime de modo mais evidente a vitalidade do
regime democrático e do sistema partidário.