Foi em
2009 que, pela primeira vez na era dos recenseamentos modernos (iniciada em
1864), se registou em Portugal um saldo natural negativo. A tendência já estava bem
anunciada desde 1970 – veja-se o gráfico em baixo.
O recenseamento geral da população de 2011 já confirmou amplamente esta nova realidade de o número de óbitos superar o número de nados-vivos.
Os dados relativos a 2015 (total nacional), publicados este verão, confirmam que a tendência se mantém e acentua. O saldo natural português de 2015 é – 23 011.
Quanto à população residente, estes dados de 2015 exibem, relativamente a 2011,
um decréscimo de quase duzentas mil pessoas. Os dados do saldo natural (que em
2011 já era de – 5992) mostram que esta
diminuição da população residente se deve em boa medida à diferença registada
entre nados-vivos e óbitos. O efeito da emigração, por importante que seja, é
mais conjuntural e não pode obscurecer a tendência de envelhecimento da
população, que, por si mesma, já começou a fazer regredir o total de residentes. [Sobre a subida da emigração, ver Uma nota económica e política sobre a emigração.]
A
evolução do saldo natural de 2011 para 2015 é expressiva: o resultado negativo
quase quadruplica em três anos. Se a progressão nos próximos anos for proporcional
a esta, poderemos registar um saldo natural assustador no próximo recenseamento
geral da população (2021).
O mapa
seguinte mostra os dados do saldo natural de 2015 desagregados por NUTS III no
continente e por concelho nas regiões insulares.
A
tendência negativa regista-se na maioria esmagadora do território continental,
sendo a Área Metropolitana de Lisboa a única exceção significativa (com um saldo
positivo de 1071 nados-vivos acima do número de óbitos). Na NUTS III Cávado
(região de Braga), o saldo positivo é de apenas 151. Em todo o restante
território continental, o saldo é negativo, sendo os valores de mais de 1000 óbitos sobre
os nados-vivos tão frequente no Norte quanto no Sul e quase tão frequente no
Litoral quanto no Interior.
As NUTS
III do continente mais envelhecidas têm, praticamente todas, saldos naturais
muito negativos, o que mostra que o envelhecimento está aí a acelerar muito
rapidamente. Basta dizer que, em 2015, na NUTS II Centro o saldo natural é de –
11 375 e no Alentejo de quase – 5000. A famosa desertificação do Interior vai
acentuar-se.
Para mais informações sobre a população (dados de 2014 e 2015), ver aqui.