O Brasil está numa encruzilhada, patente na
crise económica e política de que todos os dias ouvimos falar. Mas não nos
deixemos enredar pelas palavras.
O termo grego krísis significa «acto de separar, decisão, julgamento, evento,
momento decisivo» (Dicionário Priberam).
Trata-se, pois, de uma ocasião em que as instituições políticas brasileiras
estão a ser postas à prova. E de uma enorme oportunidade para o Brasil pensar o
seu futuro e tomar decisões.
Nem toda a gente se apercebe de que a
encruzilhada brasileira nos diz respeito. É simplesmente o futuro do mundo de língua
portuguesa que está em causa.
Além das decisões do Supremo Tribunal Federal e
dos debates no Congresso Nacional, há vários atores individuais relevantes que
estão a dar contributos valiosos para a reflexão sobre a encruzilhada
brasileira. A entrevista do jurista Nelson Jobim ao jornal Estado de São Paulo é um desses contributos.
Excerto da apresentação:
O jurista Nelson Jobim, de 70 anos,
conhece como poucos o coração do poder. Ex-ministro da Defesa nos governos Lula
e Dilma, ex-presidente no Supremo Tribunal Federal (STF), ex-ministro da
Justiça de Fernando Henrique, ex-relator da fracassada reforma constitucional
de 1993 e ex-Constituinte pelo PMDB, Jobim circula com desembaraço entre
“gregos” e “troianos”. Mas, ao contrário do que se poderia imaginar, ele não
costuma ficar em cima do muro ao expressar sua opinião sobre temas polêmicos,
como as doações das empresas nas campanhas eleitorais. […] Nesta entrevista,
realizada no começo de setembro em seu apartamento nos Jardins, em São Paulo,
Jobim conta histórias dos bastidores da Constituinte, fala sobre as mudanças
que devem ser feitas na Constituição de 1988 para destravar o País e comenta a
reforma política que está em discussão no Congresso Nacional. A entrevista foi
feita para a série A Reconstrução do
Brasil, lançada pelo Estado para
discutir os grandes desafios do País após o impeachment.