Proximidade? De si, sim...
O presidente Marcelo Rebelo de Sousa define assim o seu estilo de relação com a sociedade portuguesa (jornal Público de hoje):
“A minha orientação é a seguinte: eu sou da proximidade”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, acrescentando que procura ter “proximidade física, estar o mais próximo possível das pessoas”, bem como “proximidade comunicacional, estar próximo dos meios de comunicação social” e também “proximidade institucional”, com as instituições “mais antigas ou mais recentes”, para “saber o que se passa.
Pelo que se sabe e se comenta todos os dias até parece que é assim. Mas Marcelo também sabe que proximidades não quer. Um exemplo gritante é o do dia 31 de outubro de 2017, em que, apesar de convidado, acabou por não ir à comemoração dos 500 anos da Reforma Protestante em Lisboa.
Foi a única vez que as diversas igrejas protestantes portuguesas se reuniram numa comemoração conjunta e irrepetível em si mesma (a não ser daqui a um século?). É a maior minoria religiosa em Portugal e que deve representar uns 200,000 portugueses. O evento foi transmitido em direto pela RTP, mas Marcelo não se interessou. Ele, que vai a todo o lado, ali não quis ir. Nem enviou ninguém para o representar. E não foi por razões de "laicidade", como se pode constatar aqui. Até D. Manuel II, em 1909, chefe de um Estado confessional, enviou um telegrama oficial ao congresso das YMCA que então se realizou na Sociedade de Geografia de Lisboa e para o qual a comunidade protestante portuguesa então se mobilizou.
A "proximidade" de Marcelo precisa de interpretações mais finas, dificilmente coincidentes com a visão que ele tem de si próprio - ou que quer que os outros tenham.