A 3 de Junho de 2008 escrevia Ricardo Arroja: «A tudo isto junte-se a iminência de uma recessão mundial e, voilà, arrisco que nos próximos 2 ou 3 meses não veremos o petróleo de novo a 135 dólares. Nem a 150. Nem a 200. Na minha opinião, o preço de equilíbrio será 120. Cinco dólares abaixo da cotação actual.»
Comentei aqui que julgava esta aposta perdida. Mas, passados dois meses, Ricardo Arroja parece, afinal, tê-la ganho. Acompanharemos daqui a um mês o estado da questão (dado que a aposta do início de Junho era relativa ao preço do barril «nos próximos 2 ou 3 meses»).
Independentemente do que possa significar a expressão «preço de equilíbrio», entendi-a como sinónimo de «estabilização do preço durante, pelo menos, uns bons meses a um ano». Julgo que não é abusivo. Julgo também que tenho motivos fundados (reforço aqui) para crer que a inflação monetária está na base da subida deste preço e que, continuando aquela inflação a crescer (como parece evidente que está), dificilmente o dito preço vai estabilizar no valor actual, apesar das correcções que possam ir sendo necessárias no curto prazo. Reafirmo que aposto pela continuação da subida do preço do petróleo no médio prazo (daqui a um ano estará certamente acima, claramente acima, dos 120 dólares apostados). E reafirmo também o meu espanto por os economistas não considerarem nas suas reflexões e estimativas a inflação monetária.
Tendo, agora, em consideração o que tem vindo a ser noticiado nos últimos dias, convém lembrar coisas elementares, mas importantes. O dólar não está a “valorizar-se” face ao euro; o seu valor está a cair a menor velocidade – e, muito provavelmente, o euro está a acentuar a sua desvalorização. Ambas as moedas estão a cair, ambas estão a desvalorizar-se por efeito da onda inflacionista que o Fed e o BCE estão a promover há vários anos e que aceleraram muitíssimo no último ano. Não vejo como se possa pensar que a correcção recente do preço do petróleo (que o é, sem dúvida) possa ser a inauguração de um novo período de estabilização de preços. No que ao mercado do petróleo diz respeito, continuo a não vislumbrar desequilíbrios significativos entre oferta e procura que justifiquem agora uma tendência inversa da do último ano (e, face à dimensão da onda inflacionista em que estamos, teriam de ser desequilíbrios pronunciadíssimos). Nem me parece que a desaceleração do consumo de combustíveis, por efeito da crise económica, seja suficiente para inverter esta tendência.