Nuno Fernandes (professor de finanças na IMD, Suíça) põe os pontos nos ii:
«Acho importante lembrar que a maior parte dos problemas actuais teve origem em instituições financeiras domiciliadas no país onde a supervisão financeira é mais estrita e dispõe de mais recursos - os EUA. Não foram os "hedge funds" nem os paraísos fiscais minimamente responsáveis pela magnitude da mesma. Aliás, a maior parte das perdas estão a ser assumidas por fundos de investimento normais, e também infelizmente por fundos de pensões.
Não foi também por falta de transparência que grande parte das instituições caiu em desgraça, ou sofreu perdas avultadas. Grande parte do problema deriva de ninguém questionar como é que dois activos, ambos considerados de risco (quase) nulo, ou seja, de "rating" AAA, podiam dar remunerações diferentes. A informação estava disponível na maioria dos casos mas foi ignorada. […]
Quanto aos paraísos fiscais, penso que estão mais alinhadas as posições. O que esta crise actual trouxe de novo, foi a grande ansiedade por recursos, em todos os Governos ocidentais, dado o enorme esforço que todos os "bailouts" (resgates) e ajudas ao sector financeiro causam nos orçamentos públicos. Assim, a perda de receitas fiscais devida à existência de paraísos fiscais, onde o capital fica isento de impostos, é uma afronta aos governos da UE e EUA.»