Acaba de ser publicado no L&LP o texto de Jorge Borges de Macedo (1921-1996), A problemática monárquica e as crises nacionais (1982).
A propósito do governo de Pombal, no século XVIII, diz Borges de Macedo algo em que deveriam pensar os liberais que andam enredados na estratégia da “direita” vs. a “esquerda” ou os monárquicos que pretendem uma restauração por meio do plebiscito:
«O seu princípio governativo consistiu no estabelecimento do poder a partir dele mesmo e, portanto, muito acima da dimensão legítima permitida pelo direito natural. Nessas condições, o que aconteceu foi a «invenção» de diferendos para o poder justificar as suas intervenções.»
A invenção de diferendos até pode resultar para a conquista imediata do poder, como a estratégia republicana no início do século XX mostrou; mas revela-se ineficaz (e contraproducente) para a conservação das consciências (e, portanto, a longo prazo, do “poder”).