Resposta hoje enviada a mensagem do IDP sobre mais uma notícia para o coro da nova obcessão colectiva:
«Este alarmismo está a chegar a um ponto insuportável. Crise alimentar? Os preços estão a subir como resultado da política monetária permissiva que os grandes bancos centrais têm seguido - a Reserva Federal norte-americana à cabeça -, inundando o mercado de cada vez mais moeda (o que inclui as recentes ajudas maciças a várias grandes instituições financeiras), o que tinha forçosamente de depreciar o valor do dinheiro (sobretudo do dólar) e provocar um ajustamento dos preços. Por isso a subida de preços se tem verificado no mercado alimentar e no petrolífero ao mesmo tempo, tal como em geral relativamente a todas as mercadorias. Há uma quantidade cada vez maior de dinheiro a circular com o propósito de "olear" no sistema financeiro a máquina de concessão de crédito ao desbarato; logo, os preços dos bens reais tinham de se ajustar. O que se passa é só isto. E para resolver esta crise o que é necessário é repensar o papel dos bancos centrais e o tipo de sistema monetário em que vivemos desde que foi cortada, em 1971, a última amarra ao padrão-ouro. Perder a cabeça e disparar ao lado é que não vai ajudar de certeza.»
[P.S. A "especulação" que possa existir como causa desta subida de preços é consequência deste estado de coisas no mercado monetário e financeiro e francamente residual. É temerário alguém julgar que a "especulação" move os preços à escala global desta forma generalizada e consistente. Para ler gente mais habilitada do que eu que também diz o que aqui defendo, ver aqui.
P.P.S. É também evidente que esta "crise" agride sobretudo as pessoas de baixos rendimentos nas sociedades mais afluentes e a generalidade das pessoas dos países mais pobres; mas isso é, desde sempre, o grande mal da inflação. Porque é de inflação (isto é, de subida geral de preços ao consumidor induzida por excessiva emissão de moeda) que estamos a falar.]