Três dos maiores grupos denominacionais portugueses (Pentecostais, Baptistas e Irmãos) integram a Aliança Evangélica Portuguesa (A.E.P.), cujos estatutos foram oficialmente reconhecidos em 1935, quando ainda era uma pequena associação de membros individuais (só após 1974, depois de uma “refundação”, se tornou representante de grupos denominacionais); em termos de relações internacionais, a A.E.P. está filiada na Aliança Evangélica Europeia e na Aliança Evangélica Mundial, que são constituídas por grupos denominacionais congéneres. No entanto, cada um dos grupos denominacionais está longe de ser unitário, em grande medida pelo facto de serem herdeiros da tradição congregacional; mesmo as congregações que prescindem parcialmente da sua autonomia associando-se a organismos denominacionais de cooperação ou representação não podem ser consideradas integrantes de uma “Igreja” nacional com unidade institucional (assim, por exemplo, a Convenção Baptista Portuguesa, C.B.P., não é uma Igreja nacional mas a reunião das congregações baptistas que nela se fazem representar). No universo das congregações protestantes de muitas denominações conhecidas em Portugal (ver, para a maioria, ALMEIDA, Prontuário), a maior parte integra o grupo pentecostal, dentro do qual as Assembleias de Deus são a esmagadora maioria: a Convenção das Assembleias de Deus em Portugal reúne mais de quatro centenas de congregações, distribuindo-se as restantes por dez outras denominações da A.E.P. (Assembleia de Deus Missionária, Assembleia de Deus Universal, Nova Vida, Igreja Apostólica, Igreja de Deus, Associação das Igrejas de Cristo, Igreja de Deus Pentecostal, Igrejas do Livramento, Igreja Metodista Wesleyana e Vida Abundante) e duas não-filiadas (a Congregação Cristã em Portugal, com cerca de cem congregações, e a Missão Evangélica Maranata, com quinze). Os Baptistas são o segundo maior grupo, estando as suas várias organizações integradas na A.E.P.: a maioria está reunida na C.B.P., que representa nove dezenas de congregações, seguindo-se a A.I.B.P. com treze, a Igreja Baptista de Carreiros (doze congregações no norte), a Associação dos Baptistas para o Evangelismo Mundial (ramo da organização internacional com o mesmo nome, com dez congregações) e dezasseis congregações independentes. Os Irmãos, por seu lado, são um conjunto de mais de cem congregações que cooperam na Comunhão de Igrejas dos Irmãos de Portugal e, tal como os Baptistas, têm organizações vocacionadas para o apoio às várias congregações dentro do seu grupo denominacional, como uma Comissão Missionária que ajuda o trabalho dos obreiros e os organismos juvenis no norte e no sul; entre os Baptistas, existe desde 1945 a Associação Baptista de Evangelização que dá apoio humano e logístico às congregações, tal como a Associação Baptista do Norte e o Grupo Missionário Evangélico da Conservative Baptist Foreign Mission Society dos Estados Unidos da América. Existe ainda, desde 1976, uma Ordem de Pastores Baptistas que realiza retiros, seminários e, em geral, visa a formação do corpo ministerial do seu grupo denominacional. No conjunto da A.E.P., além destes grupos, existe pouco mais de uma centena de congregações que se distribuem por várias pequenas denominações, de que se destacam a Acção Bíblica (com perto de duas dezenas de congregações, está em Portugal desde a década de 1930 e dedica-se em grande medida à colportagem), a Igreja do Nazareno (com cerca de vinte congregações, evangeliza em Portugal desde 1973), a Igreja Evangélica de Filadélfia (iniciada em 1960, tem cerca de duas dezenas de congregações sobretudo orientadas para a evangelização da etnia cigana), o Exército de Salvação (instalado em Portugal em 1972, conta oito congregações), a Igreja Evangélica Luterana Portuguesa (fundada em 1959 a partir do trabalho missionário de Rudolfo Hasse, tem apenas três congregações) e um grupo de comunidades congregacionalistas que não se chegou a ligar aos Presbiterianos, reunido na União das Igrejas Evangélicas Congregacionais Portuguesas (dezoito congregações no centro e sul do País). Fora da A.E.P., além das duas denominações pentecostais já referidas, estão algumas centenas de congregações, das quais mais de cem pertencem à União Portuguesa dos Adventistas do Sétimo Dia e mais de cinco dezenas à Igreja Cristã Maná (denominação de origem portuguesa fundada em 1984 e dirigida pelo pastor Jorge Manuel Guerra Tadeu, é um dos grupos pentecostais mais bem sucedidos depois das Assembleias de Deus). As Testemunhas de Jeová reúnem hoje (segundo números por si fornecidos) cerca de cem mil fiéis em Portugal, dos quais metade serão membros activos das comunidades locais; estas, cerca de 700 actualmente, estão presentes em praticamente todos os concelhos do continente e das regiões insulares. A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, que tem um trabalho missionário de cerca de 25 anos em Portugal, tem vindo também a implantar-se no País. No campo pentecostal, a Igreja Universal do Reino de Deus, de raiz brasileira, introduziu, mais recentemente, uma original evangelização de grande visibilidade, através de meios de comunicação audiovisual e grandes assembleias de fiéis, conseguindo um crescimento rápido e substancial. O outro organismo de cooperação e representação interdenominacional existente em Portugal é o Conselho Português de Igrejas Cristãs (C.O.P.I.C.) que reúne as três Igrejas sinodais, I.L.C.A.E. (episcopaliana), I.E.P.P. (presbiteriana) e I.E.M.P. (metodista) desde 1971 e representa o sector protestante mais sintonizado com o movimento ecuménico internacional (está integrado no Conselho Mundial de Igrejas); entre as três denominações que o compõem, o C.O.P.I.C. representa pouco mais de setenta congregações, das quais cerca de metade são presbiterianas, um quarto metodistas e outro quarto episcopalianas – cada uma das três Igrejas tem uma unidade institucional nacional em que as várias congregações integram um corpo eclesial uno sujeito a um Sínodo que representa clérigos e leigos e elege o governo colegial da Igreja (daí a designação de “Igrejas sinodais”). A I.L.C.A.E. é a única destas denominações que reconhece e mantém na ordenação episcopal a continuidade histórica da Sucessão Apostólica, estando unida à Comunhão Velho-Católica desde 1965 e, desde a sua fundação, à Comunhão Anglicana a que, entretanto, só aderiu formalmente em 1980. Estão ainda presentes em Portugal, de há longa data, várias capelanias protestantes estrangeiras, as mais importantes das quais na capital: a Igreja Evangélica Alemã (luterana, reconhecida em 1761), a Igreja da Escócia (presbiteriana) e a anglicana Igreja de São Jorge.
[«Protestantismo» (vol. P-V-Apêndices, pp. 75-85), Dicionário de História Religiosa de Portugal (dir. Carlos Moreira Azevedo), Lisboa: Círculo de Leitores, 2000-2001.]
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[«Protestantismo» (vol. P-V-Apêndices, pp. 75-85), Dicionário de História Religiosa de Portugal (dir. Carlos Moreira Azevedo), Lisboa: Círculo de Leitores, 2000-2001.]
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