«Mas não me julgue, porque não tem autoridade moral ou ética para o fazer, aquele que não lutou pela liberdade em Portugal quando não a tínhamos, e que passou pela sua geração sem a ver.» (Zita Seabra, Foi Assim, Lisboa: Alêtheia Editores, 2007, p. 437)
Esta é a frase arrogante com que Zita Seabra termina as suas recentes memórias. Sobre estas não farei mais comentários além deste em três frases: Zita Seabra ainda não percebeu que, como militante que foi do PCP, não lutou pela liberdade em Portugal; e que, contrariamente ao que diz, muitos dos que, na sua geração, não alinharam com a oposição que existia defendiam comparativamente mais liberdade do que ela enquanto militante do PCP; quanto ao persistente vício historicista de negar pertença ao seu tempo àqueles que seguiram caminhos diversos dos do socialismo revolucionário («passaram pela sua geração sem a ver») trata-se de uma atitude francamente desprezível - além de tipicamente estalinista.