quarta-feira, junho 12, 2013

A morte de Salomão e a atitude de Israel

[Grão de Trigo, Nov. 2011, p. 2]

Quando o grande rei Salomão morreu, após quarenta anos de reinado, o povo de Israel teve uma atitude surpreendente. Entenda-se aqui por «povo» os varões de Israel, os homens adultos do reino. Como o Segundo Livro de Crónicas relata, o povo caracterizou surpreendentemente o reinado de Salomão como um «jugo pesado» e uma «dura servidão». E foi a Roboão, filho e sucessor de Salomão, que o povo o disse, acrescentando, temerariamente, que a sua lealdade dependeria de uma mudança de governação do novo rei (2 Crónicas 10:1-4).

Salomão dera grandeza à monarquia, expandira o reino e deixou o seu nome para sempre marcando a história de Israel e os livros sagrados. No entanto, tudo isso acontecera tornando-se pesado ao povo. Perante isto, Roboão, mal aconselhado por cortesãos imprudentes, escolheu manter o estilo de seu pai, afirmando que, se Salomão fora pesado, ele seria pesadíssimo. O povo também não vacilou, mantendo a sua impressionante atitude. Então, a palavra de ordem tornou-se «cada homem à sua tenda, ó Israel!» (2 Cron 10:16).

Todos viraram costas à Casa de David, que ficou reinando sobre Judá enquanto Israel se manteve rebelde e virado para si mesmo. Cada um voltou à sua vida privada, à sua «tenda», enquanto Roboão se preparava para a guerra. Mas Deus, por meio de Semaías, dissuadiu Judá e Israel de se confrontarem (2 Cron 11:1-4).

Em todo este episódio bíblico há duas coisas a destacar. Primeiro, a forma altiva e decidida como Israel defendeu a sua liberdade, sem se deixar impressionar pelo poder e pelo status que ele dá – mesmo quando não se trata de um poder estranho, estrangeiro. Segundo, a condição da unidade é a leveza do «fardo» que são aqueles que foram investidos de responsabilidades de liderança; e é assim porque, se o fardo não for leve, quem o carrega perde a liberdade. Não foi, pois, por acaso que Jesus se considerou o «jugo suave» e o «fardo leve» dos seus fiéis (Mateus 11:30), pois estes (nós) temos a liberdade como condição de pertença ao Evangelho (Gálatas 5:1).

DESAFIO… À Igreja de Cristo (tanto universal como local) também se coloca o dilema em que Israel se viu à morte de Salomão. Saberá a Igreja avaliar o peso dos «fardos» que criou ou aceitou? E saberá avaliá-los com a bitola da Liberdade Cristã? Este é um exame que todos devemos estar prontos a fazer, para não cairmos no jugo da servidão – que leva à perdição.