[Grão de Trigo, Abr. 2012, p. 4]
O evangelho segundo Mateus tem
cinco grandes discursos de Jesus. O último destes é o discurso escatológico (ou
sermão profético), nos capítulos 24 e 25. Foi proferido no Monte das Oliveiras,
na antevéspera da celebração da Páscoa judaica.
A este discurso devemos dar uma
atenção especial na preparação da rememoração de Jesus enquanto nossa Páscoa,
pois foi com essas palavras que o Senhor se dirigiu aos apóstolos como
preparação da sua morte na cruz.
Nele, Jesus aponta não só para depois da sua
morte, mas também para depois da sua ressurreição e até para depois daquilo
que, mais tarde, na Grande Comissão (28:18-20), convidará os apóstolos a
fazerem depois da sua ascensão.
Trata-se de um discurso sobre a Salvação, pois
é esse o fim eficaz da Páscoa em Cristo. Jesus adverte contra os falsos
salvadores, apelando indiretamente à fidelidade à sua pessoa como Cristo único
e verdadeiro (24:3-14).
Fala do fim dos tempos como realidade, pois é o
horizonte escatológico que quer que tenhamos presente para não nos crermos já
salvos (24:15-28). Lembra que virá de novo e que isso é penhor da tribulação
que anuncia – e a que desde logo associa a esperança – porque virá de novo
(24:29-31).
Seguem-se quatro parábolas, que fazem a luz possível sobre a medida
pela qual seremos julgados (24:32-25:30).
Por fim, Jesus desvenda, com a mesma
luz possível, como seremos julgados, recolocando o Mandamento Novo no centro de
toda a economia da salvação (25:31-46) – o Rei identifica-se com o próximo a
quem deveríamos ter devolvido o amor que nos foi anunciado como medida de todas
as coisas no reino dos céus.