[Grão
de Trigo, Fev. 2011, p. 3]
Todos os
anos o International Christian Concern (ICC), com sede em Washington D. C.
(Estados Unidos), publica um relatório sobre a perseguição aos cristãos no
Mundo. Esse relatório chama-se Hall of
Shame (que poderíamos traduzir por Galeria
da Vergonha) e lista os onze países onde ao longo do ano ocorreram mais
perseguições àqueles que proclamam e anunciam o Evangelho de Jesus Cristo.
Infelizmente, fora desse conjunto de países tristemente "campeões"
ficam outros onde também os cristãos são coagidos a esconder ou abandonar a
verdade libertadora do Evangelho.
No relatório para 2011, relativo à situação
do ano passado, o presidente do ICC, Jeff King, apresenta a lista negra dos
onze Estados ou sociedades perseguidores que mais perseguiram cristãos em 2010
(a ordem é aleatória): Iraque, Irão, Egipto, Nigéria, Eritreia, Somália, Índia,
Paquistão, Coreia do Norte, China e Vietname.
No Iraque, as perseguições
deveram-se sobretudo a acções do grupo terrorista Al-Qaeda, que também vitima
muçulmanos, e não ao governo. Houve vários assassinatos contra cristãos e
criou-se um ambiente de medo e ameaça permanente, pois a Al-Qaeda declarou os
cristãos "alvos legítimos" de violência. No Irão, pelo contrário, é o
governo o agente da perseguição aos nossos irmãos na fé. Mais de 40 pessoas
foram oficialmente detidas por se declararem cristãos e mais de 400, segundo o
ICC, terão sido privadas da liberdade sem confirmação oficial. Muitas Bíblias
com origem no Azerbaijão foram apreendidas e queimadas por, alegadamente,
atentarem contra o Islão e "enganarem" os jovens muçulmanos. Apesar
de, geralmente, voltarem a ser postos em liberdade, os cristãos iranianos ficam
depois sujeitos a vigilância permanente, ameaçados de serem acusados de
apostasia pelas autoridades, o que lhes pode valer a pena de morte de acordo
com a lei daquele país islâmico.
No Egipto, os cristãos são alvo de uma
histeria colectiva fomentada por sectores radicais do Islão por meio da
imprensa e da pressão exercida sobre o governo. Vários cristãos coptas foram
vítimas mortais de violência nas ruas contra as suas comunidades e igrejas, que
vivem num cerco crescente à sua liberdade de consciência e de culto. Na
Nigéria, país de maioria cristã, a violência de radicais islâmicos vitimou mais
de 500 pessoas só no dia 7 de Março de 2010 - na verdade, mais de 13 750
cristãos foram mortos na Nigéria desde 2001. Uma imagem de horror semelhante
chega-nos da Eritreia, outro país africano, onde podem ter sido mortos várias
centenas de cristãos no ano passado, enquanto mais de 3000 crentes no Evangelho
são dados como presos em contentores, instalações militares e calabouços
subterrâneos. Na Somália, embora com menos vítimas, a violência anti-cristã
também campeou no ano passado.
Na Ásia, apesar de ser um país moderadamente
tolerante e seguro, a Índia foi novamente palco da violência anti-cristã de
radicais hindus e rebeldes maoistas, o que faz temer a repetição do massacre de
uma centena de cristãos em Orissa em 2008. No vizinho Paquistão, a lei islâmica
tem dado cobertura (e impunidade) às autoridades e aos sectores intolerantes da
sociedade para incomodarem a minoria cristã, ocorrendo em 2010 cinco
assassinatos e várias violações de irmãs nossas. Na Coreia do Norte, no
Vietname e na China, os cristãos são vistos como uma ameaça à ideologia oficial
comunista. Na Coreia do Norte estima-se que perto de 100 000 cristãos possam
estar detidos em campos de trabalho forçado. Na China, cerca de 100 milhões de
cristãos têm de viver a sua fé em semi-clandestinidade. O mesmo acontece a
cerca de 750 000 evangélicos no Vietname, cujas igrejas não são reconhecidas
pelo governo.
Fora desta lista macabra estão países que em anos anteriores
figuraram no relatório do ICC - Mauritânia, Afeganistão, Uzebequistão, Maldivas
e, sobretudo, a Arábia Saudita. Em todos eles os problemas permanecem e só por
acaso não ocorreu tanta violência como noutros anos. Como diz Jeff King, a
perseguição dos cristãos, apesar de ser comum no nosso mundo, interessa pouco
aos meios de comunicação. É por isso que os cristãos devem tentar manter-se
informados do que acontece aos seus irmãos que, por esse mundo fora, seguem e
pregam a Palavra - ou seja, evangelizam. Como diz o apóstolo Paulo em
1Coríntios 12:26, «Se um membro padece, todos os membros padecem com ele; e, se
um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele». Sermos Igreja
também é padecer com os nossos irmãos que padecem.
Para isso temos de estar
informados e conscientes das consequências que evangelizar tem para tantos
irmãos nossos na fé. Para saber mais sobre o International Christian Concern
(ICC), ver: http://www.persecution.org/