sexta-feira, julho 15, 2005

Como os aumentos de impostos levam às crises económicas

Quanto mais sobem os impostos (e mais recursos são desviados da poupança e do consumo), mais oportunidades de negócio são impedidas de ver a luz do dia ou desenvolver-se. Ou seja, a maior fatia de recursos que é entregue às Finanças é desviada das outras aplicações que naturalmente teriam: o consumo de mais bens ou serviços ou as contas bancárias. E o facto desses recursos já não irem para esses destinos significa que muitos dos negócios com mais procura não se desenvolverão tanto como poderiam, muitos novos negócios não chegarão a encontrar um pequeno nicho de consumidores ou clientes e outros perderão a pouca procura que já têm. Por outro lado, com menos dinheiro depositado, os bancos tenderão também a reduzir o crédito aos empresários que estão no mercado ou que nele pretendem entrar, contribuindo para a estagnação do investimento. Do lado do Estado, as receitas dos impostos de consumo tenderão a estacionar ou a reduzir-se (dado que o consumo se retraiu), enquanto nos impostos directos dificilmente se pode esperar um aumento continuado da receita, dado que o rendimento dos particulares encontrou no aumento da carga fiscal uma barreira. E eis a "crise" instalada! [Fácil é ver como este cenário é propício ao aumento do desemprego e como as medidas governamentais de "criação de emprego" à custa de gastos públicos não só agrava a crise como contribui para o aumento do desemprego nos sectores mais vulneráveis da economia privada.] Moral da história: uma economia saudável e próspera requer uma despesa pública contida (que não reclame constantes agravamentos da carga fiscal) e um orçamento equilibrado.

EDMUNDO BUARQUE