segunda-feira, julho 25, 2005

É isto a alternativa ao "sistema"?


Este fim de semana, Alberto João Jardim deu mais um deprimente "show" de demagogia pseudo-autonomista. Foi por causa de pessoas assim que os Antigos e os liberais do século XIX tinham poucas dúvidas que o poder democrático também tem de ser limitado. Não há nada pior na política do que estes líderes que também vendem emoções e comoções. Pelo caminho, tecem as malhas da dependência entre uma sociedade civil fraca e o aparelho do Estado. Se, no passado, as ilhas foram prejudicadas por um centralismo absurdo que não lhes dava autonomia para coisas comezinhas, há trinta anos instituiu-se um sistema "autonómico" que atou o desenvolvimento dos portugueses insulares a dois aparelhinhos de Estado gastadores e clientelares. Na verdade, as "autonomias" replicaram o pior do poder central, em pequenino... No dia em que acabe a lógica que faz governar ser sinónimo de influenciar o montante e a direcção das transferências de fatias do orçamento do Estado, as "autonomias" parecerão às populações das onze ilhas um péssimo negócio. Para quê uma estrutura de poder intermédio se os municípios puderem chamar a si a descentralização administrativa e se associarem nas questões concretas que lhes convenham, enquanto em Lisboa se delega as funções de soberania?