terça-feira, julho 12, 2005

Eu, randiano, me confesso...


Sim, eu sei que Ayn Rand era ateia e tinha mau feitio. E pode argumentar-se que as suas ideias estão deslocadas num blogue cristão (mesmo que individualista) e com simpatias restauracionistas to say the least (tss, tss, tss). Mas eu não creio que aquilo que é essencial na ética egoísta de Rand verdadeiramente se oponha a um sentimento religioso como aquele que o Cristão Individualista aqui expressa; não há, nas obras dela, nenhum desprezo pela humanidade, pelo contrário. A exaltação que ela faz do indivíduo, da sua liberdade e da possibilidade de explorar as suas potencialidades e perseguir as suas expectativas, nunca colide com a igual liberdade dos outros indivíduos (e por ela é, portanto, limitada). O indivíduo randiano só pede que não o oprimam e não quer nunca oprimir os outros. Isto não requer o altruísmo, apenas um sagrado convívio de egoísmos (ou individualismos) que não se atropelem. Vejo, aliás (aqui), que Kierkegaard diz que o cristianismo autêntico é o contrário do altruísmo e da sua consequência colectivista. Howard Roark (na capa da edição de "The Fountainhead" aqui reproduzida) queria planear e construir edifícios; um kierkegaardiano quer construir com idêntica liberdade e autenticidade a sua relação com Deus. É isso assim tão diferente?

LEWIS WALKER